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29/08/2018

CRÍTICAS SOBRE A REFORMA DO ENSINO MÉDIO


A Reforma do Ensino Médio - 10 equívocos sobre as críticas contra a reforma do Ensino Médio

1- Acusam os opositores de que se está privatizando o Ensino Público sob o argumento de que haverá ensino a distância em alguns setores do EJA. Esse tipo de ensino - a distância - já ocorre, inclusive, no Ensino Superior com a criação de cursos universitários a distância -UNIVESP - com absoluto sucesso. Na verdade, privatização do ensino superior é o FIES que, num primeiro momento, enriqueceu proprietários de universidades particulares, investimento esse que deveria ser feito na expansão de novas universidades públicas. Privatizar o Ensino Público significaria transferir parte ou a totalidade da rede pública de ensino à iniciativa privada, como, por exemplo as "Escolas Charter", nos Estados Unidos;

2- Não se leva em conta que o número de disciplinas obrigatórias no atual ensino médio é um total absurdo, e é causa precípua em grande parte da elevada evasão escolar. A criação de amplas áreas integradas de estudo virá racionalizar os cursos que se ministrarão no ensino médio e possivelmente estimulará o alunado, o que poderá por fim à excessiva evasão existente na atualidade;

3- Não é verdade que serão eliminadas disciplinas como história, geografia, artes, sociologia e filosofia. Até porque os currículos deverão apontar para a separação das áreas de estudo entre humanas, exatas e técnicas, de livre escolha do alunado. Na área de humanas, aquelas disciplinas, ao lado de Língua Portuguesa e Matemática, serão mantidas e valorizadas. O que não significa a ausência de humanas no currículo de exatas e técnicas. É evidente que não haveria possibilidade, em reforma alguma, de os discentes escolherem todas as disciplinas a seu gosto, o que se ocorresse, determinaria a existência de diversidade infinita de currículos, além da ausência de uma base comum;

4-A reforma do Ensino Médio e a nova BNCC não serão "camisas de força" no que diz respeito a currículos e conteúdos, uma vez que os Estados terão ampla liberdade de desenvolvê-los, fundados, é claro, nas Habilidades e Competências exigidas;

5- A Reforma do Ensino Médio não constituiu iniciativa do governo Temer, posto que a construção desse instituto foi introduzido no governo Dilma Rousseff à época em que Aloísio Mercadante era Ministro da Educação. Por outro lado, a reforma da Educação Básica, na qual se insere o Médio, é uma determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e da própria Constituição Federal;

6-Ainda que a participação de organizações educacionais tenha fornecido subsídios às reformas do Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio, a elaboração do documento final seria sempre de um conjunto de especialistas em educação com seus específicos pontos de vista a propósito das contribuições recebidas da sociedade, sempre tentando elaborar documentos voltados para a melhoria da qualidade da educação básica;

7-Como a reforma da educação básica, na qual se inclui a reforma do ensino médio, praticamente, será tarefa dos estados, com base na BNCC, haverá oportunidade de os críticos elaborarem suas propostas sobre a matéria passando-as aos conselhos estaduais e municipais e às redes, propostas estas que até o momento desconhecemos.

8-As Habilidades e Competências estabelecidas para os vários segmentos da reforma: Fundamental I, II e Ensino Médio, constituem elementos fundamentais para levar o alunado a buscar e obter o conhecimento mediado pelo professor, chave para a autonomia intelectual de nossos discentes. E, que, diga-se, conceitos muito pouco desenvolvidos no processo ensino-aprendizagem em nossas escolas, pela falta de capacitações aos nossos docentes;

9-Das críticas fica-nos a impressão de que grande parte dos opositores defende o "status quo", ou seja, manter o segmento intacto, sob o argumento de que o ensino médio será rebaixado com as mudanças (por acaso o atual ensino médio seria de alto nível ?) e roubará aos professores número significativo de aulas, o que é uma falácia, na medida em que nossas escolas, por inúmeras razões, estão cada vez mais desprovidas de professores;

10-Poderíamos concordar com os críticos em somente um ponto.
Enquanto a educação pública não constituir "Prioridade Nacional" com a restruturação de todo o sistema, como vem pregando a Udemo há dezenas de anos, nada vai acontecer.
E o que a Udemo vem pregando? - a remuneração condigna ao magistério triplicando o salário dos profissionais; - jornada única de 40 horas para todos os professores, cumpridas numa única escola, com tempo de aulas e tempo para preparo de aulas, correção de avaliações, capacitações, atendimento ao aluno e à comunidade; - número adequado de alunos em sala de aula, a fim de que o professor possa acompanhar a aprendizagem de todos os alunos; - a introdução de tecnologia educacional, a partir de capacitações aos docentes para aprendê-las e aplicá-las em sala de aula; - ampla autonomia pedagógica e financeira das escolas, sem ingerências indevidas e infrutíferas de órgãos e pessoas estranhos ao projeto pedagógico; - capacitações permanentes aos docentes em oficinas pedagógicas nas Diretorias de Ensino, sem o que Planos de Educação nunca serão cumpridos, reformas de ensino jamais chegarão às salas de aula, e projetos educacionais exitosos continuarão sendo exceções. Ainda que esta reforma do ensino médio possa trazer alguma melhoria na sua qualidade, ela corre o risco de se defrontar com a já costumeira omissão e o desprezo dos políticos.

Fonte: Jornal Udemo - ago/18 - Coluna do ira Ildo Bravo da Silva. Obs.: a coluna assinada não reflete necessariamente a opinião da autora do blog.

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