Costa Rica não tem Forças Armadas, quiçá polícia e só vale Pura Vida
E não tem nem polícia na rua. Andei por São José, capital, pelas províncias estados, como Alajuela e Erichia para tentar encontrar um único policial, nada.
Entrei no estádio de futebol da capital para assistir Pink Floyd, do lado de fora 30 mil pessoas aguardavam em fila para entrar, o estádio lotou com 80 mil.
Não tinha policial, não tinha seguranças nas cancelas para revistar a gente, apenas um identificador digital de ingresso ao evento.
Nenhuma confusão. Quando sai, não entendia, os jovens abriam caminho para mim, como se eu fosse uma autoridade. De repente vi uma placa: Abra caminho para pessoas mais velhas (traduzindo).
Andei pela noite de São José, por onze quarteirões, festas nos bares e boates de várias tribos.
E tudo isso foi possível, porque há 70 anos os costarriquenhos meteram picaretas nas cabeças de seus generais em praça pública, pegaram o dinheiro que ia para o exército e investiram tudo em Educação.
Ah, mas eu não estava satisfeito, queria ver um policial, que diziam pra eu haver alguns, para casos especiais.
Queria saber qual os casos especiais, andei, andei, procurei, procurei, e nada, um mês fazendo isso.
Inconsolável, fui lá eu para uma praça de Erichia, onde tem um teatro público, quadra de esporte, internet, aparelhos para musculação de fazer inveja a muitas academias do Brasil.
Eu vendo tudo aquilo, quando de repente, vi dois jovens fumando maconha nos bancos de aço inox da praça.
Fiquei preocupado. Ah, a praça conta com câmeras, observei.
De repente apareceram os tais guardas que tanto havia procurado.
Deduzi que os jovens iam jogar a droga, pois os policiais foram conversar com eles.
O tradicional cumprimento: Pura Vida, os jovens responderam Pura Vida.
Pura Vida faz menção a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que nasceu e foi criada na Costa Rica, dos quais mais de 154 países são signatários da carta.
Eu ali, vendo aquela cena insólita, os guardas conversando com os garotos e ouvindo o guarda orientando: olha, rapazes, aqui perto mesmo, neste endereço (o policial passa um papel para os jovens), vocês podem conhecer a Associação dos Viciados em Drogas, que orienta os jovens a deixar o vício.
Fiquei pasmado, sem entender aquilo, fosse no Brasil, os jovens teriam levado sopapos e levados para algum canto da periferia para serem mortos.
Bem, os guardas deram Pura Vida para os jovens e foram embora, meu rosto ficou molhado de ver o que a Educação faz.
Por Edson Pereira Filho, jornalista, professor e escritor.
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