Algumas palavras sobre a vida e obra de Paulo Freire
Trecho do artigo de Jesse Pereira Felipe, Doutor em Educação, Diretor de Organização Sindical APASE, publicado no Jornal APASE, edição 314, intitulado "No Centenário de Paulo Freire, uma breve reconceptualização do seu legado para repensar nossa ação supervisora". Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife, Pernambuco. Sua metodologia dialógica foi considerada, perigosamente subversiva, pelo regime militar, o que rendeu a Freire 72 dias de cadeia e o exílio. No Chile, trabalhou por cinco anos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária enquanto escrevia o seu principal livro: Pedagogia do Oprimido (1968). Em 1969, foi para os Estados Unidos onde lecionou na Universidade de Harvard e, no ano seguinte, foi para Genebra, Suíça, onde trabalhou como consultor do Conselho Mundial das Igrejas (CMI). Foi durante esse período que Paulo Freire viajou para vários países do continente africano, contribuindo, significativamente, com processos educativos. Esteve na Zâmbia, Tanzânia, Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe, país esse em que sua atuação na alfabetização de jovens e adultos contribuiu para reduzir, pela metade, o índice de analfabetismo.
Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil, sendo contratado para lecionar na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP).
Em 1989, com a eleição de Luiza Erundina (PT), assumiu a Secretaria da Educação no Município de São Paulo, sendo que as marcas mais importantes de sua gestão foram: a luta pela construção de uma escola popular e democrática; a conquista de direitos para os professores, como a criação do Estatuto do Magistério Municipal; o restabelecimento dos Conselhos de Escola; e a organização dos Ciclos nas escolas de ensino fundamental. (...)
E foi essa trajetória que levou Paulo Freire a ser o brasileiro mais homenageado da História com, pelo menos, 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América. Seu livro, "Pedagogia do Oprimido", é o terceiro livro mais citado em trabalhos acadêmicos nas ciências sociais no mundo, segundo a revista on-line da London School of Economic (LSE), perdendo apenas para Thomaz Kuln e Everett Rogers, mas bem à frente de Vygotsky, Foucault e Marx. Como consequência, existem cátedras exclusivas para o estudo de sua obra em diversos países, entre eles a África do Sul, Áustria, Alemanha, Holanda, Portugal, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.
Isso demonstra a atualidade da leitura da obra freiriana e nos estimula a problematizar conceitos extremamente necessários para melhor compreendermos, a partir de nossa atuação como educadores, a sociedade em que vivemos e como podemos contribuir para a formação de sujeitos capazes de transformar, a partir da práxis, nossa sociedade. (...) Para Freire, não há diálogo sem amor ao mundo, à vida e aos seres humanos. Por isso, o diálogo não se efetiva na relação de dominação, bem como não pode existir sem que haja humildade. No encontro dialógico, não pode haver arrogância. Para ele, "o diálogo só existe quando aceitamos que o outro é diferente e pode nos dizer algo que não conhecemos". (...)
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