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26/06/2018

LIMPAR A ESCOLA FAZ PARTE DA CULTURA DA EDUCAÇÃO JAPONESA


Os torcedores japoneses estão recolhendo seu lixo nos estádios na copa da Rússia, assim como fizeram na do Brasil.

Tal hábito é praticado na escolas japonesas, em que os alunos comem na própria sala de aula, separam o lixo reciclável e recolhem o restante, além de limpar as salas de aula, banheiros, corredores, etc. em grupos que se revezam.

Não são contratados faxineiros para as escolas.

O que você pensa disso: contribui para a formação de bons hábitos e de caráter? Ou é trabalho infantil?

Leia texto completo abaixo, em reportagem da BBC.

"Mania" dos torcedores japoneses de recolher o lixo se espalha na Copa da Rússia 
Fernando Duarte - Serviço Mundial da BBC,em São Petersburgo.

A prática tem um nome: souji. A palavra japonesa tem vários significados, como limpeza e varrição. O ritual segue um provérbio: "Não jogue terra no poço que te dá água". É mais do que uma prática nos estádios de futebol. É uma filosofia, que é passada de geração para geração.

Currículo escolar

Nas escolas japonesas, as crianças realizam tarefas como limpar os banheiros, varrer o chão e lavar a louça, em um sistema de rodízio de tarefas, que é coordenado pelos professores. A ideia é ensinar os estudantes a se importarem com os espaços públicos.

"Nós aprendemos logo cedo na vida que é fácil levar esse hábito para onde quer que nós formos", fala Chikako Ehara, outro torcedor do Japão.

O hábito japonês de limpar a própria sujeira foi notado pela primeira vez na Copa do Mundo do Brasil, em 2014. Na época, as pessoas observaram que os torcedores iam para os estádios preparados para limpar tudo antes de irem embora.

Durante a maior parte dos jogos, os sacos de lixo azuis eram improvisados a partir de balões usados para torcer.

Mamoru explica que não é preciso muita organização para fazer isso. Os torcedores apenas limpam a área em torno deles, sem que ninguém precise dar ordens.

"É também uma forma de sermos respeitosos com os anfitriões", afirma Mamoru.


Inspiração para outros torcedores

A limpeza está profundamente enraizada na cultura japonesa. Brigadas voluntárias de limpeza atuam em diversos locais.

Mas a popularidade da Copa da Rússia tornou a prática conhecida no mundo inteiro. E é fácil de copiar.

Torcedores do Senegal e do Brasil também foram filmados recolhendo o próprio lixo. "Para nós, é uma honra que outros países também estejam fazendo souji. Nós esperamos que outros torcedores se inspirem a fazer o mesmo", diz Chikako.

É errado? Porém, a limpeza dos estádios pelos japoneses está gerando um debate. No Japão, há quem diga que fazer o souji fora de casa é interferir na cultura de outros países.

Em um artigo publicado em 2014, o escritor japonês Mayumi Matsumoto, que vive em Londres, questionou se a prática seria desrespeitosa a outras culturas e mesmo se poderia gerar perda de empregos.

"Nós não devemos desprezar as pessoas de outros países que não fazem a limpeza em eventos esportivos. Essas pessoas estão se comportando de uma forma que é natural para elas. E nós precisamos pensar nas pessoas que precisam de emprego nos países de baixa renda", argumentou.
Mas, por enquanto, na Copa da Rússia, o souji está ganhando o debate.

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