Pesquise neste site

21/05/2014

GESTÃO E ORGANIZAÇÃO NO CAPITALISMO GLOBALIZADO: HISTÓRIA DA MANIPULAÇÃO PSICOLÓGICA NO MUNDO DO TRABALHO

 

Resenha de Livro: HELOANI, Roberto. Gestão e Organização no Capitalismo Globalizado: História da Manipulação Psicológica no Mundo do Trabalho. Editora Atlas S. A.: São Paulo, 2003.

Resenha por Maria Ângela Paié Rodella Innocente

 

No Brasil, a administração participativa insere-se num contexto que prioriza melhores condições de produtividade e qualidade, em detrimento do fator humano, como instrumento globalizador, para “modelização” (massificação) de subjetividades dos trabalhadores.

Num modelo taylorista, sugerem-se prêmios aos trabalhadores mais eficientes, a fim de apropriar-se do saber operário, modelizando a subjetividade do trabalhador. Estabelece-se um espaço pedagógico de hierarquia, mediante o conceito de tarefa e o respeito à fisiologia do trabalho. Ocorre uma individualização no desempenho da tarefa e estímulo à aprendizagem mútua.

A administração científica preconiza a coordenação recíproca entre gerência e trabalhadores, com recompensa à maior produção, pelo aumento dos ganhos.

O fordismo preconiza a união da fábrica e da escola (aprendizagem). Em seus princípios constam: intensificação da produção, produtividade (mais valia), economicidade. A fórmula fordista inclui a administração financeira competente, o envolvimento dos trabalhadores pelo pagamento de altos salários, tecnologia avançada e estoque mínimo, como no sistema just in time.

Tanto o taylorismo quanto o fordismo pressupõem o controle disciplinar no interior das fábricas, visando aumentar a produtividade e o consumo e, consequentemente, à expansão do capital. Busca-se a pedagogia da eficiência.

O fayolismo tem como princípios: prever, organizar, comandar, coordenar, controlar. O fayolismo, introduzido na administração das escolas públicas, elege como atividades específicas da gestão escolar o planejamento, organização, assistência à execução ou gerência, avaliação de resultados e prestação de contas ou relatórios.

O taylorismo ganhou força com o Plano Marshall, após a segunda guerra mundial.

Houve a intensificação do ritmo do trabalho operário (mais valia relativa), rígida disciplina, o que gerou altas taxas de absenteísmo, turnover (rotatividade), crescimento dos refugos. Com o aumento do padrão de escolaridade, aumenta o consumo, porém deixa-se de aceitar a organização do trabalho tradicional.

Restringe-se o Estado-Previdência, pela aplicação da lógica neoliberal. A globalização da produção e o avanço da informática possibilitaram a flexibilização da linha de produção fordista. A tecnologia possibilitou o crescimento da ofensiva do capital, a diminuição dos salários e a diminuição dos empregos, pela automação.

O Estado inoperante tornou-se custoso, diminuindo a presença estatal, difundindo os serviços privados e o projeto neoliberal.

Por meio da reestruturação produtiva e a superação do taylorismo-fordismo, atinge-se o pós-fordismo: produção globalizada, diminuição do Estado- Previdência, desindexação dos salários, flexibilização neoliberal.]

Nos anos 1980 e 1990, o Estado conforma-se como Estado mínimo, Estado guarda-noturno, de atuação pontual e lógica do mercado, ou seja, um Estado neoliberal, cujas características são: desregulamentação, privatização, downsizing, terceirização, flexibilização dos contratos de trabalho, administração pública gerencial, num movimento do fim do pensamento crítico, mas não do prático. Ocorre a despolitização radical das relações sociais, numa lógica de transformar o Estado mínimo num Estado máximo para o capital. Acentua-se a desigualdade na distribuição de renda; expande-se a tecnologia microeletrônica. A empresa capitalista lidará basicamente com a gestão dessa dimensão psicológica de dominação.

Por meio da administração participativa, busca-se o controle da subjetividade do trabalhador. Mostra-se ao trabalhador uma imagem maternal da empresa, o que dilui o conflito entre trabalho e capital, e leva aquele à auto-coação e à auto-cobrança. O capital quer inibir a maturidade política do trabalho.

A flexibilidade do trabalho se dá mediante a exigência de multiqualificação para os postos de trabalho, oscilação de salários, redução de encargos fiscais, contratos flexíveis de trabalho.

No toyotismo, busca-se a eliminação do desperdício, a melhoria contínua (kaizen) e a sincronização da produção (just in time). Mediante a implantação de programas de qualidade, busca-se o comprometimento das pessoas com as empresas.

A administração científica pressupõe a ciência, harmonia, cooperação, rendimento máximo, desenvolvimento de cada homem, pela eficiência e a prosperidade.

A Educação corporativa, por meio da qualificação e reciclagem constantes, busca transformar conhecimento em mercadoria, um lugar de produção ideológica própria.

Na qualidade total, busca-se a expropriação do pensamento, mediante a gestão participativa.

No sistema just in time, o objetivo é o estoque zero, o lote unitário, o controle feito pelo kanban. Este sistema reduz custos, mas aumenta o stress no trabalho.

O just in time apresentou alguns problemas no Brasil: baixo nível educacional; arrogância dos engenheiros; conflitos com o poder sindical.

Por meio do círculo de controle de qualidade, buscou-se a indução à participação, diminuição das frustrações, a participação tem significado político-funcional. Sua estrutura tem um líder, um apresentador/comunicador e os circulistas.

Dessa forma, explora-se o savoir-faire do trabalhador, estandardizando sua subjetividade.

Nesse novo modelo de desenvolvimento da produção, a expropriação da capacidade intelectual do trabalhador é tão importante quanto foi o domínio sobre sua capacidade física nos modelos taylorista-fordista-fayolista.

Conclui-se que a ofensiva neoliberal é incompatível com as instituições verdadeiramente democráticas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

linkwithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...