Pesquise neste site

19/05/2014

MODELOS MENTAIS E SUCESSO ORGANIZACIONAL: UMA ABORDAGEM

 

Maíra Innocente

Introdução

Esse artigo pretende abordar a importância do trabalho com modelos mentais em organizações, visto que discutir essa premissa é fundamental visto que se podem relacionar com o sucesso ou fracasso na implementação de mudanças, ou mesmo, na continuidade do bom desempenho da organização.

Numa primeira abordagem conceitual, discutiremos alguns conceitos de modelos mentais.

Quando interagimos com qualquer coisa, seja o ambiente, outra pessoa ou artefatos tecnológicos, formamos modelos mentais internos de nós mesmos interagindo com eles. Quando executados ou repetidos do início ao fim estes modelos mentais propiciam as bases a partir das quais podemos predizer ou explicar nossas interações (CALDAS , 2002).

Modelo mental é o nosso modelo conceitual particular da maneira como um objeto funciona, eventos acontecem ou pessoas se comportam, que resulta da nossa tendência de dar explicações para as coisas. Esses modelos são essenciais para nos ajudar a entender nossas experiências, prever reações de nossas ações e manipular ocorrências inesperadas. Nós baseamos nossos modelos no conhecimento que temos, real ou imaginário, ingênuo ou sofisticado (NORMAN, 1990).

Após esta breve discussão sobre modelos mentais e embora o artigo não tenha a pretensão de ser um texto didático, trará inicialmente alguns conceitos-chave para o entendimento da discussão empreendida.

Desenvolvimento

Diversos são os conceitos a serem abordados para que o leitor tenha um bom entendimento da discussão sobre modelos mentais, brevemente conceituado na introdução, e sucesso/fracasso das organizações, ou seja, seu desempenho.

Começaremos com o que seja definido como uma organização, lembrando que essa definição também depende do autor/premissa teórica considerado.

Segundo Montana (2003, p. 170) “organizar é o processo de reunir recursos físicos e humanos essenciais à consecução dos objetivos de uma empresa. A estrutura de uma organização é representada através do seu organograma.”

Outros autores propõem outras definições, como Maximiano(1992), para quem “uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Por meio de uma organização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa.”

Já segundo Robbins (1990), a organização é "uma entidade social conscientemente coordenada, com uma fronteira relativamente identificável, que funciona numa base relativamente contínua para alcançar um objectivo ou objectivos comuns".

Dessa forma, uma organização é constituída por pessoas e para que ela mude, também as pessoas têm que mudar.

Portanto, faz-se necessário conhecer seus modelos mentais para obter as mudanças necessárias àquelas pretendidas pela organização.

Cada indivíduo tem seu próprio pensamento. A forma como seus pensamentos/modelos mentais refletem no contexto organizacional é de difícil previsibilidade.

Assim, podemos afirmar que uma organização é formada pela soma de pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e outros.A organização então é o resultado da combinação desses elementos visando um objetivo comum.

Para entendermos ainda um pouco mais o que faz o sucesso ou fracasso de uma organização, podemos abordar ainda os conceitos de gestão e de planejamento estratégico, visto que discutem as variáveis que influenciam nesses resultados.

O Planejamento Estratégico é um processo gerencial que diz respeito à formulação de objetivos para a seleção de programas de ação e para sua execução, levando em conta as condições internas e externas à empresa e sua evolução esperada. Já a Gestão Estratégica é uma forma de acrescentar novos elementos de reflexão e ação sistemática e continuada, a fim de avaliar a situação, elaborar projetos de mudanças estratégicas e acompanhar e gerenciar os passos de implementação, ou seja, é uma forma de gerir toda uma organização, com foco em ações estratégicas em todas as áreas (CAMPOS, 2010).

Ainda segundo Campos (2010), dentro da Gestão Estratégica existem vários passos: Diagnóstico Estratégico - levantamentos das situações atuais da empresa, adequação das estratégias da instituição e resultados. Um segundo passo é a Prontidão Estratégica - o envolvimento e disponibilidade da direção da empresa em relação ao futuro. Um terceiro passo é o Direcionamento Estratégico – quando se define o direcionamento que a instituição precisa seguir para obter sucesso.Nesse seguimento, deve-se manter a Vigilância Estratégica - observar, acompanhar, questionar à procura de possíveis riscos e oportunidades que possam exigir ações.

Enfim, para uma empresa atuar com uma Gestão Estratégica precisa apurar todos seus processos e sua real situação e desenvolver ações corretivas constantes, focando seus objetivos e metas e desenvolvendo suas estratégias de forma a manter sua sobrevivência, crescimento e diferenciação competitiva.

Após essa breve discussão conceitual, nos ateremos à premissa proposta na introdução, qual seja discutir a importância dos modelos mentais e sua relação com o sucesso ou fracasso da organização.

Nas organizações modernas é preciso ter pessoas capazes de desenvolver seus trabalhos com competência, ou seja, ter conhecimento do que faz, habilidade para fazer e atitude para que desempenhe suas funções.

Portanto se modelos mentais de dirigentes e gestores fracassarem, o insucesso das organizações vai ser uma realidade.

Na verdade, o ser humano é capaz de produzir coisas boas ou ruins dentro das empresas, só as pessoas podem realizar mudanças positivas e produtivas para que as organizações tenham sucesso e sejam competitivas no mercado.

Modelo mental nada mais é do que a percepção que as pessoas têm do mundo e em sua volta para que possam tomar decisões. É a forma de pensar e agir.

As pessoas tendem a se juntar com outras pessoas e grupos, devido à semelhança de modelo mental. Nas organizações deve haver modelos mentais diversos para que possa ter sucesso.

Os colaboradores com bons modelos mentais podem agir de forma criativa e com contexto perante a realidade atual e futura.

Nesse mundo de mudanças é preciso investir em pessoas com características inovadoras, abertas a mudanças, sendo que, há pessoas geneticamente com modelos mentais mais avantajados do que outros.

Com isso, pessoas preparadas tendem a absorver melhor as mudanças no ambiente de trabalho.

A evolução do ser humano é um processo natural, portanto pessoas com modelos mentais mais evoluídos tendem a se adaptar melhor ao mercado de trabalho, atendendo as exigências do mundo globalizado e as velozes mudanças em que vivemos.

Nas organizações o capital humano vem ganhando cada vez mais valor no universo corporativo, o mais importante é compreender o que cada colaborador tem como valores, atitudes, personalidades e características pessoais influenciado pelo histórico de vida e meio em que vive, refletindo no comportamento e no relacionamento no ambiente de trabalho.

Assim, são empresas saudáveis aquelas cujos colaboradores têm bons modelos mentais, agem de forma criativa e contextualizada perante a realidade atual e futura.

Há porém algumas formas de tornar os modelos mentais melhores, inclusive de incorporar novos modelos mentais. Num mundo em constante mudança, um modelo mental pode ser irrelevante para a situação atual.

De acordo com os modelos mentais serão tomadas as decisões, o que é inerente ao ser humano e depende também de sua posição social, idade, etc.

Porém, numa organização tratam-se de métodos decisórios em prol do sucesso da organização, dependem de um esforço reflexivo e a decisão precisa ser adequadamente implementada, dependendo da gestão correta de diversas variáveis, algumas controláveis e outras não. Deve-se, portanto, tomar boas decisões, implementá-las adequadamente e acompanhá-las, avaliando e corrigindo rumos.

Em geral, numa organização as decisões são complexas, devendo considerar diversas variáveis e consequências possíveis, sendo que, durante a implementação, algumas podem se dar diferentemente do planejado, exigindo novas decisões e implementação, a fim de que o resultado final seja o sucesso da organização, sua permanência e desenvolvimento no mercado.

Nas decisões complexas, apontam-se algumas etapas: determinação do problema, determinação das causas, organização das causas, determinar consequências, organização das consequências, determinar ações, organização das ações, análise de GUT – gravidade/urgência/tendência, plano de ação, etapas essas que poderão ser seguidas pelas organizações em busca do sucesso.

Portanto, os negócios da empresa devem ser planejados em cada nível: nível estratégico, nível tático/gerencial, nível operacional – Planejamento Estratégico Empresarial, que engloba definição do negócio, declaração da missão, explicitação dos princípios de atuação, fatores-chave de sucesso.

No entanto, todas as mudanças exigem pessoas, com seus modelos mentais e portanto, na obtenção da qualidade, deve ser considerado o lado humano da qualidade. Envolve portanto o conceito de competência e cinco tipos de qualidade: pessoal, departamental, de produtos, de serviços, de empresa, dependendo também dos estilos de gestão (preditivo, preventivo, corretivo, reativo). Alguns dos princípios da gestão são: foco no cliente, liderança, envolvimento das pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmica de gestão, melhoria contínua, abordagem factual para tomada de decisão, benefícios mútuos nas relações com os fornecedores, responsabilidade social.

A sustentabilidade da instituição/organização pauta-se em vias de mão dupla entre o projeto institucional, a capacidade institucional e a credibilidade institucional.

As melhores ferramentas de gestão são a liderança, a metodologia e o conhecimento (competências), portanto, envolvem pessoas em constante mudança e aprendizagem, sendo as organizações de sucesso no momento atual – de mudança e incerteza, ideologia neoliberal e globalização – será aquela que é capaz de antecipar-se, adaptar-se e transformar-se, ou seja, assim como seus colaboradores estarão constantemente aprendendo e reelaborando seus modelos mentais e adquirindo competências/adaptabilidade, também será uma organização aprendente.

Considerações Finais

Ao concluirmos a discussão empreendida, retomamos brevemente alguns focos da abordagem.

As mudanças geram insegurança. Se a pessoa tem conhecimento, habilidade e atitude enfrenta melhor as dificuldades.

As pessoas percebem, entendem o mundo e fazem escolhas a partir dos seus modelos mentais. Nossos modelos guiam nossa atenção de várias formas, prestamos atenção no que é importante e no que é novo, interessante ou perigoso.

Quando percebemos, compreendemos e interpretamos o mundo, definimos nossos objetivos e estratégias, com isso, nossos modelos mentais nos informam o que é prioritário ou não nas formas de critérios de decisão.

Podemos ter em nossos modelos também regras, que usaremos como referência para tomadas de decisões.

Num mundo globalizado e em constante crise, de ideologia neoliberal dominante, portanto competitivo e heterogêneo e muitas vezes, sem considerar a ética, cada colaborador da organização e cada indivíduo/ser humano precisa tomar a melhor decisão possível, reduzindo a incerteza e tendo uma clara previsão de futuro.

Assim também, diferentes modelos mentais e seu desenvolvimento poderão contribuir para acertadas tomadas de decisão ( e os processos que implicam) de forma a que esta obtenha sucesso.

Sem termos a pretensão de esgotar o tema, tão amplo quanto importante, pensamos que fornecemos alguns importantes conceitos/elementos para discussão, de forma que possa ser ampliada por outros interessados no mesmo.

 

REFERÊNCIAS

CALDAS, L.C. Agner. Otimização do Diálogo Usuários–Organizações na World Wide Web: Estudo de Caso e Avaliação Ergonômica de Usabilidade de Interfaces Humano–Computador. PUC, 2002. 2 v.

CAMPOS,W. O que é Gestão Estratégica. Disponível em HTTP://www.administradores.com.br. Acesso em 20 ago 2010.

MORAES, Anamaria e MONT´ALVÃO, Cláudia. Ergonomia, conceitos e aplicações. Rio de Janeiro, 2AB, 2000. 2a Ed. 132p.

NORMAN, Donald A. The Designg of Everyday Things. New York (New York), Currrency Doubleday. 1990. 257p.

SOUZA. Capacitação em Liderança. Disponível em HTTP://www.capacitacaoemlideranca.com.br/artigos sobre lideranca um modelo mental.asp.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

linkwithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...