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01/11/2025

SAÚDE: SUPERDOTADOS, MEMÓRIA FRACA, EXERCÍCIOS 60+

 Mentes brilhantes: quem são os superdotados do Brasil e o que define a condição.

Não é memória fraca: o que significa quando você esquece muito os nomes?

Caminhar faz bem após os 60, mas especialistas dizem que esse outro exercício é ainda mais poderoso.

EXTRATERRESTRES

 31 de outubro de 2000: o último dia em que todos os humanos estavam na Terra.

CIÊNCIA: RUPTURA DE PLACA TECTÔNICA, DESINTEGRAÇÃO DA ÁFRICA, FUNGO QUE SE ALIMENTA DE PLÁSTICO, NAUFRÁGIO

 Cientistas registram a ruptura de uma placa tectônica no Oceano Pacífico.

África está se desintegrando: medições mostram a rapidez com que o continente está se dividindo - e um novo oceano está crescendo.

Pesquisadores descobrem fungo na Amazônia capaz de se alimentar de plástico.

Robô aquático que procurava por restos de antigo naufrágio faz descoberta inusitada.


FLEMING

 15 de maio de 1857. Dundee, Escócia.


Williamina Paton Stevens nasceu em um mundo com ideias muito específicas sobre o que uma garota escocesa da classe trabalhadora poderia se tornar.

Ela se tornou professora aos 14 anos — uma profissão respeitável para uma mulher. Aos 20, casou-se com James Orr Fleming e emigrou para os Estados Unidos com o sonho de uma vida melhor.

Em um ano, esses sonhos se desfizeram.

James a abandonou enquanto ela estava grávida, deixando Williamina sozinha em Boston, sem dinheiro, sem família e, em breve, com um filho recém-nascido chamado Edward.

Para sobreviver, ela fez o que mulheres desesperadas tinham que fazer: aceitou qualquer trabalho que pudesse encontrar. Em 1879, tornou-se empregada doméstica na casa do professor Edward Charles Pickering, diretor do Observatório da Faculdade de Harvard.

Ela tirou o pó dos móveis dele, limpou o chão e não tinha motivos para acreditar que sua vida seria mais do que sobreviver.
Mas Edward Pickering tinha um problema.

 Sua equipe masculina de assistentes no observatório estava cometendo erros em seus cálculos astronômicos. Eles eram descuidados com os dados. Eles ignoravam detalhes. E um dia, em um momento de frustração que mudaria a história, Pickering teria dito:
"Minha empregada escocesa poderia fazer melhor!"

Se ele quis dizer isso como uma brincadeira ou um desafio, nunca saberemos. Mas Williamina Fleming o levou a sério.

Em 1881, Pickering a contratou para trabalhar no Observatório da Faculdade de Harvard. E ela não se saiu apenas melhor do que seus assistentes anteriores. Ela revolucionou a área.

Williamina se tornou uma das primeiras "Computadoras de Harvard" — uma equipe de mulheres contratadas para analisar milhares de chapas fotográficas de vidro do céu noturno. Enquanto os astrônomos homens recebiam créditos e cátedras, essas mulheres faziam o trabalho real de mapear o universo. Elas recebiam 25 centavos por hora — metade do que os homens ganhavam pelo mesmo trabalho.

Mas Williamina não deixou que isso a impedisse.

 Noite após noite, ela examinava placas de vidro cobertas por minúsculos pontos de luz — cada um deles uma estrela cujos segredos estavam guardados em padrões de luz e escuridão. Ela desenvolveu um sistema para classificar estrelas com base em seus espectros, criando o que ficou conhecido como sistema Pickering-Fleming. Esse trabalho lançou as bases para o Sistema de Classificação de Harvard, que ainda é usado na astronomia hoje.

Ao longo de sua carreira, Williamina classificou pessoalmente mais de 10.000 estrelas. Mas ela não apenas as catalogou — ela as descobriu.

Ela encontrou 59 nebulosas gasosas cuja existência era desconhecida. Identificou mais de 310 estrelas variáveis ​​— estrelas que mudam de brilho, revelando processos cósmicos que ainda estudamos hoje. Descobriu 10 novas — explosões estelares a milhões de quilômetros de distância.

Uma mulher que começou como empregada doméstica agora via coisas no universo que os astrônomos mais renomados haviam deixado passar.

Em 1899, Pickering a promoveu a Curadora de Fotografias Astronômicas, tornando-a responsável por gerenciar centenas de milhares de placas e supervisionar uma equipe de mulheres analistas. Ela se tornou uma das astrônomas mais importantes da América, embora nunca tenha sido oficialmente autorizada a se autodenominar assim.

Em 1906, a Sociedade Real de Astronomia de Londres fez algo sem precedentes: elegeu Williamina Fleming como membro honorário. Ela foi a primeira mulher americana a receber essa honra.

 Pense nisso. Uma empregada doméstica escocesa, abandonada pelo marido e obrigada a esfregar o chão para sobreviver, tornou-se a primeira mulher americana reconhecida por uma das instituições científicas mais prestigiadas do mundo.

Mas eis o que torna sua história ainda mais notável: Williamina sabia que era mal paga, desvalorizada e não recebia o reconhecimento que seus colegas homens recebiam. Ela escreveu em seu diário:
"Estou aqui com um salário de US$ 1.500 por ano, encarregada do trabalho... Sinto que esta é uma compensação muito pequena pelo que fiz."

Ela estava certa. Era vergonhosamente inadequado. Mas ela continuou trabalhando mesmo assim — não por dinheiro ou status, mas porque as estrelas a chamavam.

Williamina Fleming morreu em 21 de maio de 1911, com apenas 54 anos. Nessa época, ela havia se transformado de uma imigrante abandonada e sem dinheiro em uma das astrônomas mais talentosas de sua geração.

A mulher que limpava a casa de Edward Pickering acabou descobrindo mais do universo do que a maioria dos astrônomos profissionais jamais descobrirá.  A mulher a quem disseram que seu único valor era o trabalho doméstico provou que o brilho não tem nada a ver com o ponto de partida, mas sim com o quão longe se está disposto a chegar.

Toda vez que um astrônomo usa a classificação estelar hoje, ele está usando um sistema que Williamina Fleming ajudou a criar. Cada nova, cada nebulosa que ela descobriu ainda está lá em cima, testemunhando o que uma empregada doméstica escocesa realizou quando finalmente lhe deram uma chance.

Ela não apenas contou as estrelas. Ela nos ensinou a entendê-las. E fez isso recebendo metade do salário de um homem, criando um filho sozinha e tendo o título de "astrônoma" negado, apesar de fazer o trabalho de dez.

A história de Williamina Fleming não é apenas sobre astronomia. É sobre o que acontece quando paramos de decidir quem pode contribuir com base em suas circunstâncias e começamos a julgá-los pelo que realmente são capazes de fazer.

Em algum lugar acima de nós, as estrelas que ela descobriu ainda brilham.  E cada uma delas é a prova de que a genialidade pode surgir dos lugares mais inesperados — até mesmo dos aposentos de uma empregada na casa de um professor.

26/10/2025

COP30 NA ESCOLA (NOVA ESCOLA)

 

Hoje queremos lembrar que, em novembro, o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA).

Eventos globais como esse são ótimos pontos de partida para tornar o debate mais vivo e conectado à realidade dos alunos.

No artigo “COP30: como aproveitar o evento para falar sobre mudanças climáticas nas aulas”, especialistas da Nova Escola trazem sugestões valiosas de como usar esse momento para engajar estudantes.

No conteúdo, você vai encontrar:

  • Dicas de como trabalhar o tema em diferentes componentes curriculares

  • Ideias práticas e cases reais de professores de todo o Brasil;

  • Inspirações para unir a Conferência e os planos de aula em uma experiência única para os estudantes.

Acesse o artigo aqui

RAPUNZEL

 A verdadeira Rapunzel foi vendida antes mesmo de nascer, no conto original dos Irmãos Grimm ela foi criada em isolamento completo e punida brutalmente por ousar amar, após ser trocada por alfaces para satisfazer o desejo de sua verdadeira mãe.


Você já ouviu a história de uma jovem de longos cabelos dourados presa em uma torre isolada, esperando ser resgatada por um príncipe encantado. Mas o que a Disney contou é apenas a superfície — uma fábula suavizada para corações infantis inocentes.

A verdadeira história, escrita pelos Irmãos Grimm no século XIX, é muito mais sombria… e humana.

Rapunzel: A Prisão Dourada da Alma

Tudo começa com um casal desesperado por ter um filho. Quando finalmente engravidam, a esposa, dominada por um desejo incontrolável por uma planta chamada rampion (ou rapôncio), daí o nome rapunzel, começa a definhar. 

— O que tens, esposa querida?

— Ah – ela respondeu —, vou morrer se eu não puder comer um pouco daquele rapunzel do jardim atrás de nossa casa.

O homem, que a amava muito, pensou: Preciso conseguir um pouco daquele rapunzel antes que minha esposa morra, custe o que custar! 

Ao cair da noite, o marido subiu no muro, pulou para o jardim da feiticeira, arrancou às pressas um punhado de rapunzel e levou para sua mulher. Ela fez imediatamente uma saborosa salada e comeu ferozmente. Estava tudo tão gostoso, mas tão gostoso, que no dia seguinte seu apetite por ele triplicou. Então, o marido não viu outra forma de acalmar a esposa, senão buscar mais um pouco.

Na escuridão da noite, pulou novamente o muro. Mas assim que pôs os pés no jardim, ele foi terrivelmente surpreendido pela feiticeira que estava em pé bem diante dele.

— Como ousa entrar em meu jardim e roubar meu rapunzel como um ladrãozinho barato? – disse ela com os olhos chispando de raiva. — Há de sofrer por isso!

— Ó, por favor – implorou ele —, tenha misericórdia, fui coagido a fazê-lo. Minha esposa viu seu rapunzel pela janela e sentiu um desejo tão intenso que morreria se não o comesse.

A feiticeira se acalmou e disse-lhe:

— Se o que está dizendo é verdade, permitirei que leve tanto rapunzel quanto queira. Só imporei uma condição: irá me dar a criança que sua mulher vai trazer ao mundo. Cuidarei dela como se fosse sua própria mãe e nada lhe faltará. O pai aceita o acordo.

E assim que a criança nasce, a bruxa a toma como sua e lhe dá o nome de Rapunzel, a mesma planta que causou sua prisão. Aos 12 anos, tranca a jovem em uma torre sem portas, com uma única janela no alto. A única forma de acesso? O longo cabelo de Rapunzel, que a bruxa usava como corda para subir. A jovem cresce em completo isolamento, sendo ensinada a temer o mundo, a obedecer cegamente… e a esconder sua própria identidade.

A história muda quando um príncipe ouve o canto melancólico da jovem ao passar pela floresta. Curioso, observa a bruxa escalando a torre e descobre seu segredo. Ele repete o gesto e encontra Rapunzel. Ao contrário da versão adocicada, eles se encontram muitas vezes em segredo e, com o tempo, planejam sua fuga.

Mas Rapunzel, inocente e ingênua, comete o erro de mencionar o príncipe à bruxa. 

— Diga-me, mãe Gothel, por que é mais difícil içar a senhora do que o jovem filho do rei? Ele chega até mim em um instante.

— Ah, criança má! – vociferou a feiticeira. — O que eu a ouço dizer? Eu pensei que a tinha separado de todo o mundo e ainda você me traiu!

Gothel, tomada pela fúria, corta os longos cabelos da jovem e a expulsa para o deserto, grávida e sozinha.

Porém, no mesmo dia em que expulsou Rapunzel, a feiticeira prendeu as tranças cortadas no gancho da janela. Quando o príncipe veio e chamou:

— Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças!

Ela deixou o cabelo cair. O filho do rei subiu, mas não encontrou sua amada Rapunzel; em seu lugar aguardava a feiticeira com um olhar maléfico e peçonhento.

— Aha! – ela gritou zombeteira. — Veio buscar sua querida esposa? Mas o belo pássaro já não canta no ninho, a gata a pegou e vai riscar os seus olhos também. Rapunzel está perdida para ti, nunca mais irá vê-la.

O príncipe ficou fora de si e, em seu desespero, se atirou pela janela da torre. Ele escapou com vida, mas os espinhos em que caiu perfuraram os seus olhos. Então, perambulou cego pela floresta; não comia nada além de frutos e raízes. Tudo o que fazia era lamentar e chorar a perda de sua amada.

Ele andou por muitos anos sem destino e na miséria. E finalmente chegou ao deserto no qual Rapunzel vivia, na penúria, com seus filhos gêmeos, um menino e uma menina que haviam nascido ali.

Ouvindo uma voz que lhe parecia tão familiar, o príncipe seguiu na direção de Rapunzel e, quando se aproximou, ela logo o reconheceu e se atirou em seus braços a chorar. Duas de suas lágrimas caíram nos olhos dele e, no mesmo instante, o príncipe pôde enxergar novamente. Então, levou-a para o seu reino, onde foram recebidos com grande alegria e festas. Lá viveram completamente felizes por muitos e muitos anos.

Ao contrário da versão da Disney — onde Rapunzel é uma heroína destemida que foge de sua prisão com bravura e magia —, a versão original dos Grimm revela um conto sobre controle, posse e inocência roubada. Rapunzel é a vítima de um sequestro emocional e físico. A torre representa não só a prisão literal, mas também a opressão da mulher, do desejo, da juventude contida.

Dame Gothel, muitas vezes interpretada como vilã, pode ser vista como símbolo do medo da sexualidade feminina, da maturidade, da independência. Ela aprisiona Rapunzel para protegê-la do mundo — ou para protegê-lo dela?

O conto pode ter origens em lendas cristãs medievais sobre santas enclausuradas, como Santa Bárbara, trancada por seu pai em uma torre para preservar sua pureza. Também há paralelos com histórias de freiras e donzelas de conventos que engravidavam em segredo — e cujos filhos eram abandonados ou mortos.

O cabelo, nesse contexto, é mais do que um recurso de conto de fadas — é o símbolo da conexão com o mundo exterior, da liberdade e da sexualidade. Cortá-lo é retirar o poder da jovem, silenciar sua voz, apagar sua identidade.

Enquanto a Disney transforma Rapunzel em uma princesa com poderes mágicos, os Grimm nos mostram uma jovem que sangra, sofre, cresce. E que, mesmo após toda a dor, renasce. Não por mágica, mas pelo amor

Rapunzel - Irmãos Grimm

PLURALISMO DE IDEIAS

 NÃO SE OFENDA...

Pensar diferente é  constitutivo do pluralismo de idéias que vigora em países/comunidades multiculturais.

Expressar opiniões divergentes é direito constitucional em países democráticos.

Nos países teocráticos os que falam 'em nome de Deus'  estabelecem as regras de convivência. 

Nos países governados por ditaduras, a liberdade é vigiada e o direito à  opinião,  restrita.

Então, a liberdade de expressão aqui na nossa Página é tanto nossa quanto estendida a nossos seguidores, pois trata-se de Página pública. 

Nossa única exigência, na divergência, é  o respeito e a civilidade. 

E lembre-se: há sempre a possibilidade de ignorar ou 'passar batido' em algo que nos incomoda.

A violência, em palavras ou mensagens ofensivas,  é um ato que somente serve para revelar o destempero pessoal e a falta de preparo para viver em comunidade.

Leituras Livres

ARQUEOLOGIA: AGRICULTURA MAIS ANTIGA DO MUNDO, EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS, ENTERRO BÍBLICO, DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS

 Cultivando ininterruptamente o mesmo pedaço de terra desde 1843: o experimento mais antigo do mundo.

Dinossauros estavam prosperando antes do impacto do asteroide, sugere estudo.

Enterro de mais de 2 mil anos relacionado a passagem bíblica é encontrado na Turquia.

As 5 descobertas arqueológicas mais impressionantes das últimas semanas .

PANTERA NEGRA

 As misteriosas panteras negras não são uma espécie própria — mas sim uma variação impressionante de felinos já conhecidos! 🌑✨


🔍 Quando você vê uma onça-preta nas Américas ou um leopardo escuro na Ásia ou África, está vendo a mesma mutação genética em ação: o melanismo, que causa o excesso de pigmentação na pelagem.

📌 Onças (América) e leopardos (África e Ásia) com essa pelagem escura são chamados popularmente de panteras negras.
Mas o termo "pantera" vem do gênero científico Panthera, ao qual ambos pertencem — e não indica uma espécie nova!

🖤 Mesmo com a pelagem escura, as rosetas (manchas) características ainda estão lá, visíveis sob a luz certa.

🔎 Ou seja: a pantera negra é, na verdade, uma onça ou um leopardo com um estilo sombrio e elegante! Um fenômeno raro, fascinante — e 100% natural.

CIÊNCIA: LONGEVIDADE, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

 "DNA era 20 anos mais jovem", diz cientista sobre mulher mais idosa do mundo.

Cinco hábitos que aumentam sua inteligência emocional, segundo professor de psicologia de Harvard.


GERAÇÃO X E INSEGURANÇA FINANCEIRA

 Geração X chega aos 60 anos imersa na insegurança financeira.

SAÚDE: CÂNCER DE COLO DE ÚTERO, ENVELHECIMENTO ATIVO, SAÚDE CARDIOVASCULAR,

 3 hábitos masculinos que podem aumentar o risco de câncer de colo do útero nas parceiras.

'Estamos diante de uma revolução silenciosa', afirma geriatra sobre envelhecimento ativo.

A ciência está tirando a creatina da prateleira da academia e colocando-a em um lugar mais relevante: a saúde cardiovascular.


18/10/2025

PROFESSORES SALVAM VIDAS

 Minha família foi chamada no conselho tutelar pela primeira vez por insistência da diretora da escola municipal onde estudei. A diretora era muito carinhosa e minha professora da segunda série também, as duas muito boazinhas. Eu apanhava dia e noite por nada, meus pais viciados, alcoólatras, promíscuos, me agrediam de muitas formas. Eu escondia na minha mente, mas as marcas não davam pra esconder. A professora viu, chamou a diretora que levou uma carta para o conselho tutelar. Fui ouvida junto com a minha mãe, que me beliscava debaixo da mesa da assistente social, sem ninguém perceber. Voltei no dia seguinte pra escola e minha mãe chegou pra me buscar (nunca fez isso antes) e ali me bateu muito, muito a ponto da diretora ter que se meter. A diretora foi agredida com um soco no rosto, eu me senti culpada por ter feito aquilo acontecer. 

Na primeira vez fui recolhida pelo conselho tutelar e devolvida para meus pais em 15 dias. Ao todo fui recolhida 16 vezes pelo conselho. Passei inúmeras vezes por casa de passagem, mas o conselho sempre me mandavam novamente pra casa. Foram as professoras que cuidaram de mim quando retornei de um abrigo, cheia de piolhos e doenças. Foram as professoras que cuidaram de mim, me abraçaram, me levavam para médico até escondido em horário de aula.

Meu primeiro óculos com exame e tudo veio do bolso de uma professora. Eu tenho dislexia e a quinta serie foi difícil e veio pela professora de matemática meu primeiro presente de aniversario: um kit com material escolar inteiro, kit de pintura... Minha roupa de natal uma vez veio por uma professora do meu irmão...

Eu queria olhar para cada uma delas hoje e dizer que eu venci, que eu consegui, que estou viva e me tornei professora! Não posso dizer a elas pessoalmente, mas estou dizendo agora a cada um de vocês educadores: Não desistam da sua missão. A salvação de uma vida pode vir pelas suas mãos! Talvez o seu colo, carinho, abraço, cuidado e palavras de incentivo sejam a única demonstração de afeto que recebam na vida! Eu fico emocionada ao me lembrar disso tudo, pois eu tenho hoje 27 anos e devo minha vida a essas profissionais!

OS 7 ANÕES DE AUSCHIWITZ

 A incrível história dos sete anões de Auschwitz


Os sete anões de Auschwitz, como ficaram conhecidos, sobreviveram ao nazismo graças a um dos homens mais perversos da história: Josef Mengele, nas mãos dele passaram por meses de experiências traumáticas no campo de concentração. De todas as histórias absurdas desse período, poucas são mais intrigantes que a dos sete anões de Auschwitz: uma família romena, de nome Ovitz, que conseguiu passar pelo célebre campo de concentração

por causa de sua deficiência. E uma frase que poderia resumir esta narrativa foi pronunciada por Perla Ovitz: – “Fomos salvos pela graça do diabo!”. O “diabo”, em questão, tinha nome, sobrenome e apelido: Josef Mengele ou Todesengel, o Anjo da Morte.

O vilarejo de Rozavlea, na atual Romênia foi muito conhecido por sua grande população judaica, incluindo a família Ovitz. A maioria dos membros dessa família nasceu com nanismo, transtorno que dificulta o crescimento. A herança genética veio por parte pai, o rabino Shimshon Eizik Ovitz, um anão que se casou duas vezes, com mulheres que tinham o tamanho comum.

Essa condição nunca impediu que os irmãos Elizabeth, Rozika, Avram, Frieda, Micki, Franzika e Perla, se expressarem como artistas. Após a morte de Shimshon, a família teve que pensar em uma solução para se manter, eles tinham poucas oportunidades para trabalhos convencionais, por isso, decidiram seguir no mundo da arte. Os Ovitz eram talentosos e fizeram sucesso como artistas itinerantes formando a trupe Jazz Band of Lilliput, e saíram em turnê pela Europa Central.

Como eram judeus, a família teve que parar de fazer apresentações durante o período da Segunda Guerra, em uma tentativa de escapar dos nazistas, esconderam todos os seus objetos de valor em um buraco cavado embaixo do local onde eles estacionavam o veículo da trupe — tentando passar despercebida o máximo que pode.

Porém, não demorou muito para que o exército de Adolf Hitler invadisse a região da Romênia onde a família estava, eles foram capturados em março de 1944 e todos os parentes foram parar no campo de concentração de Auschwitz.

Lá, os irmãos passaram por todos os tipos de tortura quando se depararam com o médico nazista Josef Mengele, conhecido como o Anjo da Morte. O homem fez diversos experimentos aterrorizantes com os judeus, a família Ovitz não escapou.

Mengele ficou famoso por fazer atrocidades nos campos de concentração, como testes de morte exclusivo para mulheres, além de matar ciganos e extrair seus olhos. O médico também fez experimentos com gêmeos, retirando seus órgãos para uma pesquisa. Ele colecionava o que chamava de aberrações – gêmeos, corcundas, gigantes, hermafroditas, obesos etc.

O Anjo da Morte costumava matar suas vítimas depois, porém, com os Ovitz isso não aconteceu, a obsessão do médico pelos anões, deu a chance para que eles pudessem escapar. O homem decidiu deixar os sete anões vivos, seu objetivo era continuar com os testes torturantes para entender mais sobre eles. Durante esses experimentos Mengele foi extremamente brutal.

Segundo Elizabeth Ovitz, o médico retirava fluidos da coluna vertebral dos anões, fazia diversos tipos de testes invasivos, incluindo ginecológicos e cerebrais, além de invadir regiões sensíveis como a boca e o nariz. O médico chegou a obrigar a família a ficar nua na frente do exército nazista, para que ele pudesse explicar suas conclusões sobre o nanismo. Geralmente, anões eram dissolvidos no ácido para que seus corpos fossem levados para museus e centros de pesquisas por toda a Alemanha. Esse seria o destino dos Ovitz, quando o Exército Vermelho invadiu o Campo e libertou seus prisioneiros.

Esse pesadelo durou sete meses, até que o campo de concentração fosse libertado, em janeiro de 1945. Os Ovitz viraram uma lenda. Livros de sobreviventes diziam que eles foram executados todos juntos ao lado de uma vala; que o bebê do grupo teve sua cabeça esmagada na parede por um oficial (um expediente comum); que fugiram.

Na verdade, a família escapou com vida. Os Ovitz retornaram então para Rozavlea, ao chegarem perceberam que a cidade estava um caos, assim como toda a Europa, porém, seus bens ainda estavam escondidos no mesmo lugar.

Com esse dinheiro, eles migraram durante algum tempo até encontrarem seu novo lar em Israel, onde continuaram com apresentações da trupe até 1955. Os irmãos decidiram encerrar a companhia depois disso, já que estavam fisicamente muito desgastados.

Avram morreu em 1972, aos 69 anos, mesmo ano em que Micki, que tinha 63. Freida morreu em 1975, com 70 anos. Em 1980 ocorreu o falecimento de Franzika, com 90 anos. Em 1984, a morte da primogênita, Rozika, aos 98 anos. Elizabeth morreu aos 78 anos, em 1992. E Perla, aos 80 anos, foi a última a morrer, em 9 de setembro de 2001 de causas naturais. Tudo graças à sorte, ao imponderável, às suas características físicas – e, principalmente, à curiosidade doentia de um dos homens mais perversos da história.

Tendo comprado uma sala de cinema em Israel, os Ovitz tiveram herdeiros que seguiram no show business, descendentes apenas dos homens, que puderam ter filhos altos. As mulheres, muito prejudicadas pelas experiências, não conseguiram engravidar.

Para enriquecer tudo que contei aqui, posso sugerir a leitura do livro “Gigantes do Coração: A Emocionante História da Trupe Lilliput”, e pra quem quer conhecer um pouco mais sobre o monstro e cruel médico Josef Mengele, existe alguns filmes que abordam sua história e suas experiências bizarras, como “O médico alemão” que conta um pouco sobre sua fuga após guerra, em que o médico tem como esconderijo a Argentina e finalmente o Brasil; este filme você pode assistir na Globoplay.

Sugiro também o filme “O Anjo de Auschwitz”, disponível no Amazon Prime, que conta a história de uma parteira polonesa que, depois de ser feita prisioneira pelos nazistas, é recrutada pelo Dr. Mengele para trabalhar no hospital como sua ajudante. Quando descobre os terríveis experimentos feitos pelo médico, especialmente em mulheres grávidas e crianças, ela decide salvar o máximo de vidas possíveis.

Um documentário maravilhoso disponível na Netflix, que se chama “Três estranhos idênticos” remonta a história de Robert, David e Eddy que são trigêmeos. Desconheciam a existência um do outro até os 19 anos. Quando se descobrem, nos anos 1980, o encantamento é imenso, um sentimento de tal maneira avassalador que eles só pensam em enxergar aquilo que têm em comum: os detalhes do corpo, o olhar, o gestual, o gosto pelos esportes, o temperamento etc.

As crianças nasceram em um subúrbio de Nova York em julho de 1961. Foram entregues pela mãe biológica a um orfanato mantido pela comunidade judaica. Todos eles sabiam que eram adotados, mas não imaginavam que tinham irmãos. Suas famílias tampouco jamais foram informadas desse fato.

O documentário narra uma história, por si, excepcional. O roteiro aprofunda isso, ao valorizar mistérios que só se esclarecem no fim. É imperdível.

MARION PRITCHARD: RESISTÊNCIA HOLANDESA NA II GUERRA MUNDIAL

 Matar alguém é errado. 

Desde cedo nos ensinam isso e a ideia parece simples, inquestionável. Mas, às vezes, a vida nos empurra para situações em que o certo e o errado se misturam, se tornam uma névoa densa onde nenhuma escolha é pura. E é aí que surge a verdadeira medida de uma alma: o que você faria, se o mal estivesse batendo à sua porta e a única maneira de impedi-lo fosse fazer algo impensável?

Marion Pritchard não nasceu uma heroína. Era uma jovem comum, holandesa, estudante de serviço social em Amsterdã, quando o mundo começou a desmoronar ao redor dela. Tinha 19 anos quando os nazistas invadiram a Holanda. Sua vida era feita de aulas, cafés com amigos e sonhos comuns, até o dia em que viu algo que mudaria tudo: soldados alemães arrastando crianças judias para caminhões. Ela contou, anos depois, que uma delas chorava tanto que um soldado a pegou pelo braço e atirou contra a parede. Aquilo foi o ponto de ruptura.

Enquanto muita gente preferiu fechar as cortinas e rezar para a guerra passar, Marion escolheu agir. Entrou para a resistência, primeiro ajudando em pequenas tarefas: entregar mensagens, encontrar esconderijos, arrumar documentos falsos. Mas o “pequeno” na guerra é sempre grande demais. 
Cada nome escrito num documento falso era uma vida salva.

Com o tempo, seu envolvimento cresceu. Marion passou a esconder famílias judias em casas de campo, sótãos, porões. Em um desses lugares, manteve um pai e seus três filhos escondidos por quase três anos. O abrigo tinha uma passagem secreta sob o assoalho, e bastavam dezessete segundos para eles desaparecerem completamente quando alguém batia à porta. Ela levava comida, cuidava das crianças e mantinha o medo sob controle com uma calma que nem ela sabia de onde vinha.

Mas numa manhã, o destino testou o limite de sua coragem. Um policial holandês, colaborador dos nazistas, chegou à casa. Marion sabia que, se ele descobrisse os judeus escondidos, todos seriam mortos. Não havia tempo para negociar, nem lugar para se esconder. Em um impulso (ou talvez em um ato de lucidez) ela pegou a arma que guardava e atirou. O homem caiu morto. Um coveiro da resistência ajudou a enterrar o corpo ali mesmo, sob o chão da propriedade. Marion nunca fugiu. Continuou o que fazia. E, mais tarde, disse em uma entrevista: 

“Eu matei um homem. E se fosse preciso, faria de novo.”

Quando a guerra acabou, Marion não buscou reconhecimento. Trabalhou com refugiados, ajudando pessoas deslocadas pela destruição. Lá, conheceu Anton Pritchard, um oficial americano com quem se casou. Mudou-se para os Estados Unidos, tornou-se psicanalista e dedicou a vida a ajudar quem carregava traumas, como se quisesse costurar o mundo de volta, pedacinho por pedacinho. Viveu até os 96 anos, em Vermont, sem nunca perder a serenidade de quem sabe que fez o que precisava ser feito.

Em 1981, foi reconhecida como Justa entre as Nações, título dado a quem arriscou tudo para salvar vidas durante o Holocausto. Mas mesmo esse reconhecimento parece pequeno diante do que ela fez. Marion salvou mais de uma centena de pessoas, e entre elas, dezenas de crianças. Nunca viu a si mesma como heroína. Dizia apenas que “alguém precisava fazer alguma coisa”.

E talvez seja aí que mora a grandeza de Marion Pritchard.
Porque, no fim das contas, ela matou um homem. Mas salvou muitos outros. E se é verdade que matar é errado, então o que dizer de ficar parado diante do mal?

Acredito que seu crime está mais do que justificado. Porque, num mundo em que tanta gente escolhe ser espectadora da barbárie, Marion escolheu interferir. E o preço disso foi carregar uma vida nas mãos... e centenas no coração.

Então talvez a pergunta certa não seja se ela fez o que era certo...
Mas se nós, no lugar dela, teríamos coragem de fazer o mesmo.

Bem haja, Marion! 🖤🕯

SOBREVIVÊNCIA NO ÁRTICO

 Enterrado vivo sob a neve do Ártico, ele lutou de volta à liberdade armado apenas com a própria vontade — e com uma ferramenta que nenhum homem deveria jamais ser forçado a criar.

Peter Freuchen não era um explorador comum. Com mais de dois metros de altura e uma barba tão selvagem quanto as histórias que contava, ele parecia uma figura saída de um mito nórdico. Nascido na Dinamarca em 1886, viveu entre extremos: apaixonou-se por uma mulher inuíte, Navarana Mequpaluk, durante suas primeiras expedições, e cruzou a Groenlândia em jornadas de mais de 1.600 quilômetros com trenós puxados por cães.

Quando Navarana morreu vítima da Gripe Espanhola, em 1921, Freuchen ficou devastado — mas nem mesmo a perda do grande amor de sua vida foi capaz de apagar seu espírito indomável.

Suas aventuras pelo Ártico se tornaram lendárias, mas nenhuma tão impressionante quanto a vez em que foi soterrado vivo por uma tempestade de neve. Preso sob o gelo, sem ferramentas e sem esperança, Peter fez o impensável: moldou um cinzel a partir de suas próprias fezes congeladas. Brutal, grotesco — mas também uma prova extrema da obstinação humana. Com aquele instrumento improvisado, ele escavou sua saída centímetro por centímetro, perdendo alguns dedos dos pés, mas salvando a própria vida.

Fora do gelo, sua coragem seguiu inabalável. Durante a Segunda Guerra Mundial, uniu-se à resistência dinamarquesa, foi capturado pelos nazistas, escapou para a Suécia e, mais tarde, chegou a Hollywood — onde assessorou filmes e até estrelou Eskimo (1933), vencedor do Oscar. Em 1956, encantou os Estados Unidos ao participar do programa The $64,000 Question, deixando o público boquiaberto com seus relatos e seu vasto conhecimento sobre o Ártico.

Peter Freuchen viveu como alguém que olhou a morte nos olhos — e seguiu em frente. Suas obras, tanto as reais quanto as de ficção, abriram janelas para um mundo que poucos ousariam enfrentar. Seu legado nos recorda que o heroísmo raramente é limpo ou glorioso: às vezes, é sujo, desesperado, e movido apenas pela vontade de continuar.

“Sobreviver nem sempre é bonito. Às vezes, é apenas a teimosia de seguir em frente quando tudo ao redor grita para parar — e, mesmo no escuro congelado, uma centelha de coragem ainda pode abrir caminho de volta à luz.”

MULHERES ESCRAVIZADAS

 As mulheres escravizadas eram punidas de diversas maneiras, e essas punições aconteciam com frequência, de formas que refletiam a total posse sobre elas. De um lado, a escrava era literalmente propriedade do senhor, o que lhe dava total autoridade para fazer o que quisesse com ela, a qualquer momento. De outro, a esposa do senhor, muitas vezes ciente dessa dinâmica, podia ser ainda mais cruel, principalmente com as escravas que se destacavam pela aparência.


Hoje, estima-se que cerca de 19,6% dos afro-americanos tenham pelo menos 25% de ancestralidade europeia, o que equivale a ter um avô totalmente branco. Esses números revelam um aspecto aterrador da história: muitas mulheres escravizadas foram submetidas a abusos sexuais e estupros sistemáticos. Como consequência, praticamente todas as árvores genealógicas afro-americanas contêm, em algum ponto, um ancestral branco, seja um capataz, um proprietário de plantação ou até um estranho que a desejava. Essas mulheres não tinham como resistir, nem mesmo quando já eram casadas com um homem escravizado. E apesar de ser uma situação imposta, muitas vezes as esposas dos senhores as culpavam, punindo-as simplesmente por serem atraentes.

O fato de que um em cada cinco afro-americanos tenha, hoje, pelo menos 25% de ancestralidade branca conta uma história perturbadora. Isso revela a extensão da perda de dignidade que os escravizados sofreram. Durante grande parte da história dos Estados Unidos, os casamentos interraciais eram ilegais, e essa ancestralidade branca é, em grande parte, resultado direto da violência brutal e forçada de homens que impuseram suas vontades.

ESTADO NOVO

 Este é o texto que deveríamos enviar àqueles amigos, amigas, meninos e meninas, que olham para os últimos 50 anos e falam com desdém, como se nada de válido ou de valor tivesse sido construído.Seja por ignorância, má-fé, oportunismo político ou mera amnésia histórica, convém que leiam e reflictam. Um pouco de lucidez, memória e cultura geral nunca fez mal a ninguém.


“Não sabes. E por isso falas.
Defendes o passado com peito cheio e voz alta - um passado que não viveste, que não viste, que nunca te tocou.

Replicas frases feitas, engoles mentiras vestidas de saudade, e apontas o dedo à democracia como se ela fosse um erro, como se a liberdade tivesse sido uma escolha errada.

Mas tu não sabes.
Não sabes o que foi viver com medo de falar, de escrever, de pensar.

Não sabes o que foi ver um pai arrancado de casa por uma denúncia anónima.

Não sabes o que foi uma mulher obrigada ao silêncio, à sombra, ao canto da sala.

Não sabes o que foi crescer analfabeto porque estudar era luxo.

Não sabes o que foi morrer numa guerra que nunca foi tua, com 20 anos e o coração num mato longe de casa.

E, pior ainda, não queres saber.
Ignoras os relatos, desprezas os sobreviventes, e com isso insultas uma geração que sofreu, que resistiu, que lutou para que hoje tu pudesses escrever o que quiseres nas redes sociais, votar em quem quiseres, insultar os políticos sem receio de ser preso.

É fácil falar do Estado Novo quando nunca levaste com o peso da sua bota.

É cómodo criticar os últimos 50 anos quando nunca estiveste nos primeiros 48.

És livre - e é essa liberdade que usas para elogiar o regime que te proibiria de a ter.

Enquanto tu falas, eles desaparecem.
A geração que viveu o medo, que conheceu a censura, que chorou os mortos da guerra e os silêncios da prisão, está a apagar-se.

E não é só a idade que os leva - é o esquecimento, é a mentira repetida, é o desrespeito.

Respeita.
Cala-te e ouve.

Aprende antes de falares.
Porque defender a ditadura em pleno século XXI é cuspir na cara de quem lutou para que tu pudesses ter opinião.

E isso não é ignorância.
É crueldade.”

Texto: Guilherme Alberto

NOVO OCEANO E NOVO CONTINENTE NA ÁFRICA

 Cientistas confirmam: África está se dividindo e novo oceano começa a se formar no continente.

APGAR

 Em 1952, numa sala de parto em Nova Iorque, o silêncio tomou conta do ar. Um bebé havia nascido — azul, imóvel, sem um som. Por um instante, o desespero preencheu o ambiente. Os médicos hesitaram, sem saber se continuavam a tentar. Então, uma voz firme e tranquila ergueu-se acima do pânico:


“Vamos marcar o bebé.”

Era a voz da Dra. Virginia Apgar.
Aquela simples frase mudaria a medicina para sempre.

Virginia Apgar sonhara em ser cirurgiã, mas na década de 1940, as portas das salas de cirurgia raramente se abriam para mulheres. Disseram-lhe que nenhum hospital a aceitaria. Ela não desistiu — apenas redirecionou o seu caminho. Escolheu a anestesiologia, uma decisão que acabaria por salvar milhões de vidas.

Trabalhando na maternidade da Columbia-Presbyterian, Apgar observava, impotente, recém-nascidos morrerem poucos minutos após o parto. Não havia critério, não havia sistema — apenas suposições. Então, numa manhã de 1952, ela pegou numa caneta e num pedaço de papel e criou algo revolucionário: um teste simples de cinco pontos que avaliava o ritmo cardíaco, a respiração, o tônus muscular, os reflexos e a cor da pele.

Ela chamou-o “Apgar Score.”

A ideia espalhou-se como fogo em pólvora seca. Em menos de uma década, praticamente todos os hospitais dos Estados Unidos o utilizavam. As taxas de mortalidade infantil despencaram. Pela primeira vez, os médicos tinham uma linguagem universal para avaliar a vida — e inúmeros bebés, que antes seriam dados como perdidos, foram salvos.

Mas Virginia não parou aí. Obteve um diploma em Saúde Pública, juntou-se à March of Dimes e tornou-se uma voz global em defesa das mães e dos recém-nascidos.

Quando lhe perguntaram como havia vencido num mundo dominado por homens, ela sorriu e respondeu:
“As mulheres são como saquinhos de chá — só descobrem a própria força quando mergulham em água quente.”

A Dra. Virginia Apgar faleceu em 1974.
Mas o seu legado continua vivo.
A cada dois segundos, em algum lugar do mundo, um bebé dá o seu primeiro suspiro — e uma enfermeira, um médico, alguém, pronuncia um número em silêncio.
Um número que homenageia a mulher que se recusou a desistir — nem dos recém-nascidos, nem de si mesma.

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