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23/05/2025

PRECONCEITO

 Em tempos de fofocas sobre Janja serem alçadas ao posto de informação de qualidade, achei por bem colocar o que penso sobre atitudes preconceituosas.


Para mim, o preconceito é qualquer coisa que manifestamos sobre algo ou alguém sem o embasamento de uma boa informação. Sadi e os comentaristas de plantão em  seu blog praticam tão claramente o preconceito, pois se basearam em uma fonte secundária, a famosa fofoca, ou percepção pessoal.

O que é uma "boa informação"? Em tempos líquidos como o que vivemos, seria um fato verificável em fontes cruzadas e confiáveis. 

Mas o que é "confiável"? Algo ou alguém que só informa tomando a priori estes mesmos cuidados de verificação.

Só assim teríamos um grau de certeza para construção de um conceito, fugindo do preconceito, que é um reflexo, não é racional. Preconceito é algo fundado em concepções adquiridas por influência cultural, crenças, e muito... medo.

Um parêntesis: o preconceito é indesejável socialmente. Mas é extremamente importante dentro de um processo psicoterapêutico, pois evidencia as fragilidades da pessoa, onde ela mais precisa de apoio. Afinal, fragilidade é a causa de todo sofrimento. Então, o preconceito seria um malquisto bem-vindo, pela riqueza de ressignificações que podem nascer dele, trazendo à consciência porções da psiquê do cliente que, muitas vezes, se escondem envergonhadamente, ou se manifestam agressivamente na certeza avassaladora de estar certo.

Fim do parêntesis. E onde entra o medo? 

O medo de não ter valor faz a pessoa desvalorizar a outra, tentando trazer seu alvo para um nível mais abaixo do que ela imagina estar. Desta forma, desfruta-se de um momento de alívio (que pode durar anos, ou um segundo), pois ilusoriamente ganhamos valor enquanto durar a catarse desse rebaixamento alheio.

Não é preciso dizer que, sob este ponto de vista, é uma armadilha extremamente viciante, pois há uma recompensa, ainda que fugaz. 

É algo que tangencia o conceito de projeção da psicanálise, onde preferimos criticar no outro aquilo que somos, é mais seguro, não nos ameaça. Mas para não ficar parado em sua constatação, sob a ótica de Carl Rogers, há uma tarefa a ser realizada : "estranho paradoxo: quando me conheço, posso então mudar."

Porém, é preciso estar disposto, meu amigo, minha amiga, pois não é fácil dar um jeito neste imbróglio intrapessoal. Mas se fosse fácil, não tinha graça.

Ricardo Picchiarini

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